quarta-feira, 30 de julho de 2008

Homenagem - Vânia Sarlo

Trecho do livro sobre a volta dos desfiles, no carnaval de 1998...

(...) Este foi o último desfile da eterna porta-bandeira, Vânia Sarlo, uma das mais premiadas do carnaval capixaba. Depois de 31 carnavais defendendo os pavilhões da Unidos da Piedade, Mocidade da Praia, Originais do Contorno e Unidos de Jucutuquara, ela esperou a volta dos desfiles para se despedir honrosamente da folia.

Vânia se lembra exatamente como foi sua última vez na passarela. “Desfilei pela Piedade vestida de bailarina, na ponta do pé, do começo ao final. O público ficou estarrecido olhando para os meus pés. Acho que numa hora dessas não precisa de aplausos. Eu via no rosto das pessoas a emoção, elas estavam boquiabertas. O aplauso estava no olhar, na admiração. Quero que o carnaval de Vitória lembre de mim como a eterna porta-bandeira”, diz. (...)









Fonte: MONTEIRO, Lucas. Carnaval Capixaba: Histórias, honras e Glórias.
Fotos: Revista Class, fev.2008/ Unidos de Jucutuquara (90) by Bernadete Ladislau / Acervo pessoal

Nascimento da Imperatriz

Continuando com os comentários sobre a Estação Porto. Um momento muito importante e emocionante foi a apresentação da Imperatriz do Samba! Acompanhei desde o início as discussões pelo orkut sobre a fundação da escola, a escolha das cores, do nome, o desejo de participar do carnaval de Vitória e finalmente, vi o sonho daqueles componentes ficar ainda mais perto, com a primeira apresentação oficial da mais nova escola de samba capixaba. Aqui vai a minha homenagem:


Acho que estou ficando velho, esta é a segunda escola que vejo nascer. A primeira foi a Tradição Serrana, que em 2001 debutou na passarela com um samba lindo! "Uma lenda misteriosa a Tradição vem contar/ Uma história de amor que contagia o folclore popular/ Dizem que dois enamorados estasiados pela força da paixão resolveram se casar / mais seus pais não lhe deram permissão/ Fez surgir uma lenda exuberante que reflete nesse instante, toda uma inspiração!"

domingo, 27 de julho de 2008

Lançamento dos enredos - Parte 2







Não fui pra festa de lançamento dos enredos para cobrir “fotograficamente”, mas, fiz algumas fotos e disponibilizo agora pra vocês. Clique aqui para ver o álbum completo! Achei maravilhosa a idéia de se fazer uma festa como esta aqui em nosso Estado, pois valoriza os autores dos enredos e até mesmo o próprio enredo que a escola vai levar para a avenida. Muitos componentes, mesmo trabalhando no barracão ou sabendo de cor e salteado o samba, nunca leram o enredo. E isso é uma falha grave das escolas, que deixam o texto do enredo disponível apenas para os compositores e jurados. Quando um componente sabe o enredo que levará para a avenida ele desfila com mais garra, mais amor, defendendo não só a sua escola, mas também a idéia de seu desfile!

Mas, fiquei triste pela maneira como algumas escolas apresentaram seus enredos. É inimaginável que o público faria silêncio para ouvir páginas e mais páginas de texto sendo lidas, sabendo que há uma bateria pronta para tocar ao fundo. Os próprios ritimistas não estavam prestando atenção ao que era lido. Talvez, o único momento em que o público realmente parou para prestar atenção no que era falado, foi quando a guerreira negra da MUG apareceu contando a história de São Mateus! A escola da Glória se preparou para a festa, criou figurinos especiais para a ocasião e montou um texto diferenciado.

Agora imagine se a apresentação da Boa Vista fosse precedida de um caboclo sertanejo vestido a caráter contando a história das festas de São João? Se ao invés da história das festas juninas, um casal dançasse quadrilha pelo menos por 3 minutos. O público se interessaria muito mais em acompanhar a história. Confesso que esperei por Frei Palácios contando a história do Convento na Jucutuquara, por um turista místico na Andaraí, por um vendedor na Piedade, por um jogador de futebol fazendo embaixadinhas na Rosas de Ouro... e depois, a bateria!

Mas, esta foi só a primeira de muitas festas de lançamento de enredos que teremos nos próximos anos. Como os enredos ficaram em segundo plano. Parabenizo as agremiações pela apresentação de bateria, velha-guarda, mestre-sala e porta-bandeira, passistas e baianas!




Lançamento dos enredos

Hoje foi um dia histórico para as escolas de samba capixaba! Acabei de chegar da Estação Porto, estou morto de cansaço. Já fiz meu mexido com o que sobrou da janta e vou dormir. Hoje (ontem, 26/07), pela primeira vez as 13 agremiações se reuniram para lançar os enredos do carnaval e apresentá-los ao grande público. Talvez por isso, a festa tenha se tornado uma grande confraternização e pouco dos enredos tenha se falado.

A única escola que fez uma APRESENTAÇÃO de seu enredo foi a Mocidade Unida da Glória (MUG), as demais apenas leram parte da sinopse ou a sinopse inteeeeeeeeeeira, e outras nem ao menos citaram o tema que levarão para a avenida! Apresentar um enredo não é somente ler. A estrela da festa era o tema escolhido e não sambas que a escola trouxe em carnavais passados!

Entre mortos e feridos salvaram-se todos, depois comento mais sobre as apresentações. Aproveitei a oportunidade e fiz alguns filmes de sambistas e casais de mestre-sala e porta-bandeira.

Homenagem à Gisele Simon (MUG)

Apresentação magnífica (mais uma vez)
de Andressa e João Felipe (Jucutuquara)

A escolha do papel

Poucos sabem, mas, dá muito trabalho escolher a folha de papel que servirá de suporte para o texto do livro. Seria muito fácil eu escolher um papel branco qualquer, com uma gramatura qualquer e deixar o nosso livro comum como outro qualquer.

Mas, a história do carnaval capixaba é muito especial. É algo que se renova a cada dia e merece um papel especial, que também se renove, que não canse as vistas de quem está lendo (e as pesquisas já demonstraram que o papel branco cansa as vistas). Por isso, escolhi o papel reciclado, ou melhor, reciclato (isso mesmo, com T de tatu), como foi oficialmente batizado. O papel é lindo, quem já teve oportunidade de ler algo nele, sabe do que estou falando. E o melhor, além de ecologicamente correto e mais bonito, ele tem o mesmo preço que o papel comum.


Curiosidades:
- Reciclando uma tonelada de papel, 22 árvores são poupadas, consome 71% menos energia elétrica e polui o ar 74% menos do que fabricá-la.

- Diversos tipos de papéis podem ser reciclados 7 vezes ou mais.

Orçamentos para publicação

Estou cheio de dor nos pés e nas pernas! Na última sexta-feira (25) tirei o dia para refazer os orçamentos para a impressão do livro. Eu já tinha feito isso por telefone e internet desde março. Ligava, conversava com o orçamentista, passava os dados e especificações e, por e-mail, recebia a cotação de cada uma das gráficas do Estado. Mas, relendo o regulamento da Lei Chico Prego de Incentivo a Cultura, vi que é necessário que o orçamento seja apresentado em papel timbrado e carimbado por cada gráfica. E lá fui eu...

Dentre os orçamentos que eu tinha, escolhi visitar 6 gráficas, todas localizadas na região de Gurigica/Consolação nas redendesas da querida escola Pega no Samba. Só na rua Américo de Oliveira (onde fica a quadra) há 7 gráficas, dentre elas, algumas onde peguei o orçamento.

É incrível como um mesmo orçamento pode variar tanto de empresa para empresa. Varia mais de 15 mil pelas mesmas coisas. Não tenho nem R$1 real, imagine gastar R$15 mil a mais pelo mesmo material que eu consigo por R$15 mil a menos!? Tem que pesquisar muito e eu detesto mexer com dinheiro!

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Entenda a nova proposta do blog!

A partir de hoje, o site www.carnavalcapixaba.com/ sai do ar e dá lugar a um novo projeto, também voltado ao carnaval, o blog "Bastidores de um livro", no qual eu, Lucas Monteiro, conto passo a passo cada um dos caminhos que serão percorridos até a publicação do projeto de livro-reportagem "Carnaval Capixaba: histórias, honras e glórias".

A idéia de fazer este livro veio desde o início do site, cerca de oito anos atrás. De lá pra cá cataloguei material, fiz diversas entrevistas, pesquisas e registrei tudo o que encontrei. Em 2007 apresentei este material como projeto de conclusão do curso de comunicação social nas Faculdades Integradas São Pedro (Faesa). O projeto originou este livro e possui 400 páginas, que foi aprovado com louvor, conquistando nota máxima da banca avaliadora formada pelos professores Hésio Pessali (organizador de diversos livros e editor de jornais e revistas), Hérica Lene (doutora em Comunicação e Cultura) e Emilio Fernandes Rocha (Mestre em Ciências da Arte).

Agora é necessário fazer com que essas informações cheguem até os sambistas e os simpatizantes do carnaval capixaba. Afinal, poucos são aqueles que sabem da história do nosso carnaval. As próprias escolas não têm o costume de registrar sua história por meio de fotos e materiais que sirvam de subsídios para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o seu passado. Tal fato pode ser considerado o motivo pelo qual há tão pouco material publicado sobre a folia de nosso Estado.

Apesar de inédito e um trabalho elogiado por onde passa. Ainda encontro grande dificuldade para publicar o livro. Mais do que simplesmente publicar desejo torná-lo comercialmente acessível, pois infelizmente livro é um artigo carro e poucos têm condições de adquirir.

Por isso, cada passo, cada novidade... da diagramação até o dia do lançamento serão expostos aqui. Assim como curiosidades contidas no livro. Conto com o apoio de todos na torcida para tornar esse sonho real e registrar para a história o nosso carnaval.

Leia também:
Referência:
Foto do desfile da G.R.E.S. Unidos de Jucutuquara em 2007 (Acervo pessoal de Rodrigo Gavini)

O que é um livro-reportagem?

Caracterizado por ser uma obra literária produzida de acordo com as normas jornalísticas de apuração, que ganha a forma de uma grande-reportagem ou ensaio.

O livro-reportagem utiliza técnicas aprimoradas na captação e narração. Assim, evidencia o potencial dos fatos, tornando-os envolventes ao leitor. O formato de texto é mais descontraído que o convencional ou o padrão encontrado em jornais e revistas, assemelhando-se ao jornalismo literário.

O estilo de livro-reportagem que utilizo é “história”, quando o foco é um tema do passado que geralmente tem algum elemento que o conecta com o presente. Como no caso das escolas de samba capixaba, que apesar de terem uma origem pouco conhecida estão em evidência na sociedade e continuam fazendo história.

De maneira não linear este livro tende a contribuir para a catalogação das escolas de samba e demais pesquisas que venham a ser feitas sobre este assunto e, simultaneamente, dar voz aos fundadores das agremiações e pessoas que fazem com que esta manifestação folclórica seja considerada uma das mais importantes do país.

Referência:
Foto do desfile do G.R.E.S. Andaraí em 2007 (Acervo pessoal de Jussara Martins)
BELO, Eduardo. Livro-reportagem. São Paulo: Contexto, 2006. (Coleção Comunicação).
BELTRÃO, Luiz. Jornalismo interpretativo. Porto Alegre: Sulina, 1976.
CASTRO, Gustavo, GALENO, Alex (Org.). Jornalismo e literatura: a sedução da palavra. São Paulo: Escrituras Editora, 2002.

Porque lançar um livro sobre escola de samba?

O desfile das escolas de samba capixaba acontece desde 1955 e já passou por diversas fases. No entanto, poucos são aqueles que sabem da história do carnaval capixaba. As próprias escolas não têm o costume de registrar sua história por meio de fotos e materiais que sirvam de subsídios para aqueles que desejam conhecer um pouco mais sobre o passado da escola.

Tal fato pode ser considerado o motivo pelo qual há tão pouco material publicado sobre a folia de nosso Estado. Os raros livros existentes apresentam uma distância cronológica muito grande e não englobam todas as escolas ou aspectos do carnaval, assim, histórias e personagens importantes para a nossa cultura vão ficando cada vez mais esquecidos.

Este livro-reportagem, portanto, nasceu do interesse de levar a um público cada vez maior o conhecimento sobre a nossa folia, demonstrando suas origens, os dilemas pelos quais passou e os projetos que estão sendo colocados em prática visando melhorar a qualidade do espetáculo produzido pelas escolas de samba.

Será possível amenizar a falta de referências sobre o carnaval capixaba, pois como diz García Márquez no prefácio de Viver Para Contar: “A vida não é aquilo que vivemos, mas aquilo que recordamos e como a recordamos para contá-la”. Assim, nada melhor que um livro para reunir as experiências e recordações daqueles que ajudaram a criar as escolas de samba de nosso Estado, vivenciando um momento histórico de suma importância para os sambistas e admiradores das agremiações.
Referência:
- Foto do desfile da Independente de São Torquato em 1987, no Sambão do Povo (Acervo Pessoal de Attilo Juffo)
- GARCIA MARQUEZ, Gabriel. Viver pra contar. São Paulo: Ed. Record, 2003. 490 p.

O projeto do livro

O carnaval é uma manifestação cultural conhecida e praticada em todo o mundo e no Brasil ganhou diversas versões: trio elétrico, bailes, blocos de rua, escolas de samba e outros. No entanto, a falta de registro histórico sobre esta festa popular tem feito com que muitos acontecimentos sejam esquecidos, assim como seus personagens e tradições.

A necessidade de amenizar a falta de referências bibliográficas do carnaval capixaba fez com que eu me debruçasse sob o tema a fim de construir uma grande-reportagem sobre as escolas de samba que compõem os desfiles de carnaval realizados na cidade de Vitória, capital do Estado do Espírito Santo.

O resultado de todo este trabalho é apresentado agora no formato de livro-reportagem, que se caracteriza como um veículo de comunicação no qual é possível reunir uma quantidade de informações muito superior àquelas encontradas no jornalismo cotidiano, requerendo assim, um maior aprofundamento e contextualização do que será abordado.

Para tanto, utilizei diversas técnicas de jornalismo. Entrevistas com sambistas e especialistas, pesquisas bibliográficas, consultas a museus e arquivos públicos serviram de material de apoio para os capítulos que foram desenvolvidos.

No livro mostro como é realizado o carnaval em terras capixabas desde a chegada dos portugueses até o carnaval de 2008, dando foco principal a criação de um perfil-histórico das escolas de samba e a análise das diversas fases dos desfiles capixabas.
obs.: Foto do desfile da Mocidade Unida da Glória em 1987, na inauguração do Sambão do Povo (Nestor Müller/Jornal A Gazeta)

Quem é o autor?

Lucas Schulthais dos Anjos Monteiro nasceu em Vitória, no Estado do Espírito Santo (Brasil). É escritor, jornalista (formado pela Faesa) e estudante de ciências sociais (Ufes). Logo que aprendeu a juntar as palavras quis mostrá-las a seus colegas e familiares, que sempre o incentivavam na construção de novos textos. Assim, foram escritas peças de teatro, poemas e novelas, que além de encenadas por familiares e amigos foram divulgadas na internet, onde recebeu diversos prêmios. As novelas virtuais foram publicadas em formato de livro, levando-o a participar de feiras e bienais. Seu trabalho foi adotado por diversas escolas e novamente premiado. Atualmente, são mais de 14 livros e cerca de 100 poemas escritos.



Paralelo à literatura, desenvolveu uma outra paixão: o carnaval. Quando pequeno, criava suas próprias agremiações fantasiando bonecos e construindo réplicas de carros alegóricos com materiais recicláveis. Aliando seu carinho pela cultura capixaba e suas duas de suas grandes paixões (escrita e carnaval), deu início ao site www.carnavalcapixaba.com, que foi ao ar pela primeira vez no ano 2000. O site se tornou a principal fonte de consulta sobre as escolas de samba capixabas e, até o carnaval de 2008, recebeu mais de 900 mil visitas.

Lucas também trabalhou junto às escolas de samba auxiliando nos barracões, escrevendo enredos e sambas, desenhando fantasias e alegorias, coordenando diretorias e compondo comissões de carnaval. Por reconhecimento ao seu trabalho foi convidado a trabalhar na Liga Capixaba das Escolas de Samba (Lices), atual Liga Espíritossantense das Escolas de Samba (Lieses), onde atuou como diretor de comunicação e marketing.

Tal experiência proporcionou conhecer e admirar cada uma das treze escolas de samba de maneira igual, respeitando suas diferenças e particularidades, fazendo com que se sinta parte de todas elas, mesmo não pertencendo a nenhuma das comunidades nas quais elas estão inseridas. Isso ajudou na pesquisa, ampliando o acesso a várias fontes, além de criar seu acervo pessoal com materiais relativos às agremiações capixabas.

Em meados de 2007, assumiu o cargo de produtor executivo da Rádio CBN Vitória e do portal Gazeta Online. Em 2008 aliou esta função à de repórter dos Jornais A Gazeta e Notícia Agora e atualmente exerce esta mesma função na redação integrada de Rádios e Internet da Rede Gazeta.

A importância da leitura

Muito já se falou da importância dos livros na formação do cidadão. Considerando-se a leitura um instrumento básico para o acesso à informação, um recurso de expressão e, portanto, um dos mais importantes canais para viabilizar a participação efetiva do indivíduo na sociedade, é fundamental que se estabeleçam práticas de leituras críticas e conscientes que permitam ao cidadão ler e compreender o mundo que o rodeia, mas isto só se concretizará entre leitores sistemáticos e experientes. Exige-se, portanto, como ponto de partida, um trabalho efetivo capaz de oferecer as condições primordiais para que o hábito de ler seja difundido.

A constatação da realidade atual de desvalorização do livro e da leitura que atinge parte significativa da população brasileira - apesar dos esforços do poder público e da iniciativa privada - constituindo prática apenas para alguns privilegiados, faz com que cada pessoa seja responsável pela mobilização de sua comunidade, no sentido de reverter o processo, subsidiando atividades que prestigiem e estimulem o ato de ler. E essa ação pode começar com atitudes simples, como ler um livro para um amigo, compartilhar exemplares adquiridos e até mesmo colaborar para a publicação de uma nova obra.

Referências:
- FREIRE, Paulo.
A Importância do Ato de Ler: em três artigos que se completam. 22 ed. São Paulo: Cortez, 1988. 80 p.
- Projeto
Viva Leitura